partilhar consigo
Uma terapia não é um exercício clínico aleatório. Não é um "vamos indo, vamos vendo". É um acto clínico rigoroso e que deve reger-se, sempre, por príncipios claros de atuação e que implicam que se estime um período de acompanhamento aconselhado (determinado em função de cada quadro clínico).
Costumo dizer que a terapia deveria ser um exercício de "liberdade". De pensamento. De encontros. De (re)encontros. E essa "viagem" só é possível com base na transparência da nossa atuação, enquanto técnicos. Como o será considerar o proceso de "alta" (quando há indicadores que a justificam e que são abordados na relação terapêutica).
A terapia é liberdade. de se poder (re)descobrir. com e para além da relação terapêutica.
Uma terapia não significa imposição e/ou obrigatoriedade.
Uma terapia assenta num acordo clínico. Entre o profissional e a pessoa que recorre a ele. Não deverá ser, nunca, imposta. E só deverá ser iniciada quando consentida e aceite. O psicólogo tem a obrigação, ética e deontológica, de explicitar a natureza da necessidade de intervenção (sempre com base numa avaliação psicológica que legitime essa mesma recomendação de terapia), o plano de intervenção e o delineamento de um prognóstico estimado.
a terapia tem de assentar numa base de confiança. que será proporcional à transparência na comunicação de toda a intervenção que se irá iniciar, se assim for consentida.
Se desejar confiar-se a ajuda especializada, saiba que tem o direito de questionar. sobre qualquer dúvida que possa ter. sobre o que será esperado. sobre o que irá ser trabalhado. para que possa confiar-se. ao processo. se assim desejar avançar. e confiar. no processo.
Um trabalho clínico só se inicia se existir um conjunto de indicadores clínicos que a legitimam (assente numa avaliação psicológica rigorosa).
Todas as pessoas precisam de terapia? Não. Uma terapia não é uma "conversa de café". Não é só "desabafar". Não é "só conversar".
Uma terapia é para quem precisa. E nem todas as pessoas precisam.
Se é uma "viagem" muito bela, para quem precisa? É, na minha opinião.