(os) Professores. (os) Alunos e (os) Sinais

Estava distraída. Quando passei a estar atenta. Às palavras que ouvia, ao meu lado. Sentadas, numa mesa próxima, duas professoras. Pelo que percebi. Fui na direção das palavras delas (não foi de propósito. Há palavras que voam até nós!). 

- "Estou cansada. Acham que temos uma profissão fácil, mas não sabem o difícil que é".

- "Já não estou para isto. Ando há anos a percorrer quilómetros. Não estou para isso ...". 

- "Se fosse só ensinar... Mas, é só papelada para preencher. Burocracias atrás de burocracias. (...). Tinha gosto em ser professora. Mas já me sinto sem motivação. Sabem lá do que passamos!"

Factos: o Ministério da Educação pediu um estudo nacional sobre a saúde psicológica e bem-estar da comunidade escolar ("Observatório Escolar: Monitorização e Ação | Saúde Psicológica e Bem-estar" realizado, este ano). 

Factos: os problemas de saúde mental agravam-se à medida que os alunos crescem (12.º ano, altura em que são relatados mais problemas) (pergunta minha: o que se passa para irmos "adoecendo" à medida que crescemos, por vezes?)

Factos: foram identificados, em cerca de metade dos professores, sinais de sofrimento psicológico, como tristeza, irritação ou dificuldades para adormecer.(pergunta minha: o que se tem feito, a este nível?)

A pandemia agravou, seguramente, todo este contexto. Mas os desabafos já se escutavam bem antes.

Os professores e os alunos estão  (alguns deles) cansados. Estão, alguns deles, vulneráveis. Têm dado sinais disso. Há algum tempo. E o que é que, por vezes, acontece? Um assobia para o lado!!!

Os professores e os alunos estão a dar sinais. 

Está na altura de os ouvirmos, não está? 

Ana Carolina Pereira