Recebi. Uma mensagem.
De uma pessoa amiga. Dizia assim: “saudades de ajuntamentos com vocês”. Não me recordo da hora em que a recebi. E não a quero confirmar no telemóvel. É uma “chatice” a cronometragem da vida, às vezes. Mas lembro-me do meu sorriso quando a li. E da vontade de escrever…sobre os amigos. E do quão precioso é tê-los. Não sei se já repararam, mas quando estamos com crianças, por vezes, perguntamos-lhes pelos seus amigos. Porque reconhecemos, implicitamente, a importância que têm. Não sei se já repararam, mas eles acabam por ter essa mesma importância, tenhamos nós a idade que tivermos. Ter amigos deveria ser, assim, uma espécie de requisito quase obrigatório. Da mesma forma que temos um número de beneficiário e de contribuinte, por exemplo, deveríamos ter uma espécie “carimbo”, um QR code que comprovasse o reconhecimento de termos amigos na nossa vida. Os amigos são a melhor app que podemos ter.
Os amigos. Os mais pequeninos costumam fazer quase uma hierarquia de amigos: há os melhores amigos; os amigos de casa; os amigos da escola; os amigos do desporto; os 1ºs amigos; os 2ºs amigos; os bff (vulgo, best friends forever); os amigos divertidos; os amigos a quem contam todos os seus segredos…e por adiante. No fundo, o que eles nos quererão dizer, por outras palavras, é que os amigos são tão importantes que não podem ser prescindíveis. Que os amigos são tão importantes que nos “servem” diferentes funções. Que os amigos são tão importantes quanto mais diversificados forem. Acho – não sei se concordam comigo – que os amigos não têm de ser “iguais” ao que imaginamos que somos. Ou que queremos. Quase numa versão de “almas gémeas”. São com quem nos identificamos.
Os amigos, os amigos mesmo, são todos os meus amigos que penso enquanto vos escrevo. E que vocês pensam enquanto me leem. Os amigos não têm de estar connosco, todos os dias, para ganharem o nosso selo de amizade. Os amigos não são os que concordam sempre connosco. Os amigos não são quantidade. Mas qualidade. Os amigos não são quantidade. Mas proximidade. E intimidade. Os amigos são experiências de comunhão. Os amigos não têm de estar sempre junto de nós. Fisicamente. São os que nunca estão longe. Por mais que estejam, na verdade.
Os amigos são as pessoas atentas. Que parecem ter uma espécie de radar que os fazem ligar-nos ou enviar-nos mensagem quando mais precisamos deles. Os amigos são os que se lembram (já repararam que lembrarem-se de nós significa que somos pensados por eles? Que existimos? Há a derme. Que protege o nosso corpo. E a “pele” que a amizade acrescenta à nossa vida, pelo que nos acarinha e protege). Os amigos são os que cuidam de nós. Os amigos cuidam-se. Precisam-se. E que, sem nunca nos cobrarem, fazem “birra” quando estamos um pouco mais distraídos para com eles. Os amigos são os que nos olham. E nos escutam. Os amigos são aqueles junto de quem podemos estar a conversar…em silêncio. São com quem nos podemos zangar. E que se zangam connosco. Porque (nos) somos importantes. E com quem nos encontramos para fazer a paz.
Os amigos são tão preciosos que me sinto um bocadinho “absurda” a tentar escrever sobre eles. Os amigos são tão, mas tão, preciosos. São a diferença entre podermos viver e… sobreviver. São a diferença entre uma vida com entusiasmo e uma vida com apatia. Li, algures (não me recordo mesmo onde, desculpem-me) que aquilo que conhecemos como realidade não existirá enquanto não for pensada por nós. Que o impacto de um rio, por exemplo, só ocorre na exata medida em que o pensamos e o vivemos, a dois, a três, a quatro…. Os amigos serão assim. Existem na medida exata do valor com que existem para nós. E, nós, para eles.
Desculpem se posso ser um pouco radical, mas nós só existimos se existirmos para alguém. Seremos os outros de todos os outros. E eles os nossos de todos os nossos. Os amigos são preciosos (eu sei que já disse isto, antes, mas a repetição é propositada). Os amigos são aqueles que, estando nós há tanto tempo sem estarmos com eles, nos recebem como se nos tivéssemos despedido com um até amanhã, no dia de ontem.
Os amigos não cobram, mesmo. Os amigos, apenas, Estão. São. Existem. Porque existimos para eles. Os amigos poderão fazer a diferença entre salvar-nos e/ou afundarmo-nos numa tristeza sem fim por não nos reconhecermos nos outros. Os amigos são a nossa casa. Se pudesse, desafiava-vos, a partir de agora, a mostrarem (com orgulho!) o QR code TAP (acabei de inventar, agora!!!! Dêem-me um “desconto”. A intenção, todavia, é boa!!!).
QR code TAP| Tenho Amigos Preciosos.
Não, não tem qualquer comparação com a companhia área. Ou terá? Até porque os amigos, correndo o risco de estarem em “vias de extinção” e, por vezes, serem controversos, são capazes de nos fazer viajar por mundos que nunca veríamos…sem eles. Eu tenho amigos preciosos. E tenho saudades dos ajuntamentos com eles.
E vocês?