"Não me virei...Olhei-o sem o olhar (...)".

"Não me virei...Olhei-o sem o olhar (...)".
"Não sei, mas... -Precisa de ajuda? Qualquer coisa que precise, já sabe! (...)"
"O improvável. Já pensaram nisso? Como a nossa história nos leva até à nossa outra pele (...)"
Separavam-nos alguns metros. Quando cheguei já lá estavam. Apercebi-me deles porque estavam sentados com folhas, canetas e papel. Entrei. Sentei-me. Esqueci-me de os voltar a ver. Até porque estavam algumas pessoas nesse mesmo espaço. Acompanhava-me um café. Uns auscultadores. O Tim Bernardes e o "Buraco da Consolação" que ouvia. E um livro para poder viajar. Para longe dali. Distraí-me no meio das pessoas que entravam e saíam. Gosto de estar no meio de pessoas que não conheço. Gosto de desconhecidos. De os olhar. Mas, nesse dia, só eles me prenderam a atenção. Bem. Voltando ao início. Passaram mais de duas horas quando me apercebi que já tinham passado mais de duas horas. O relógio é sempre amigo dos bons momentos. Já dos maus momentos.... Olhei pela sala, a passear-me pelos pensamentos. E a ver mais desconhecidos que tinham ocupado o lugar de outros desconhecidos. Eles ainda lá continuavam. Os dois. Via-os através de um vidro que nos separava. A alguns metros de distância. Continuavam lá. Eles. E as folhas, canetas e o papel. Agora, também, com livros. Não ouvia o que falavam. Estavam longe. Mas os seus gestos eram visíveis à distância. Ele, o mais novo, a tentar levantar-se da cadeira e a aguentar-se na mão que segurava a sua cabeça. Enquanto a outra mão segurava no lápis. Estão a imaginar? Ele, o pai, a gesticular com a mão e a apontar, com o seu indicador (o indicador parecia ganhar proporções de uma pessoa, claramente, enfurecida) para o livro do filho. Não os ouvia, mas bastava-me olhar para eles para perceber o que lhe poderia estar a dizer (ele, o pai): "Não sais daqui enquanto não acabares", "Quanto mais tempo demorares, mais tempo vais ficar aqui"... Ele, o mais novo, na iminência do choro. Não sei se chorava. Estava de costas para mim. Mas imagino que sim. Ele, o pai, prestes a chorar (mas, imagino, sem o fazer...por vergonha) por não conseguir ser o pai, naquele momento, que se exigia ser. Ou por reconhecer, nele, no filho, a sua própria história. E com medo de a voltar a repetir. Ele, o mais novo, a sentir que não estaria a conseguir que o seu pai tivesse orgulho nele. Ele, o pai, a sentir-se, naquele momento, tão impotente como o seu filho. Eles a sentir que estavam, ambos, a falhar. Foi assim que os imaginei. A certa altura, o pai olhava para o vazio, quase que a conter o desespero. Enquanto cruzava as mãos que seguravam o seu queixo. Ou a sua insegurança. Ele, o mais novo, a segurar a desilusão com a mão enquanto, a outra, se zangava com as letras e os números. Atenção: não me levem tão a sério. Estava a observar desconhecidos. E a imaginar a história deles. Desculpem-me se não foi bem assim que aconteceu. Bem... A certa altura, fiquei mesmo triste. [Reparei que não seria a única. Eram observados por outros]. Porque os senti, em igual proporção, a não querer desiludir quem gostam. A querer corresponder às expectativas que (imaginamos) termos de alcançar. Mas, ao mesmo tempo, a magoarem-se. Ele, o mais novo, não teria mais de oito anos. O mais crescido, o pai, pareceu-me, em alguns momentos, regressar às suas memórias mais antigas. À sua história. Não regressamos todos quando somos pais? E, naquele momento, já não era só o pai e o filho que ali estavam. Mas o pai que foi, um dia, filho. Já não era só o filho que ali estava. Mas o filho que desejava ser o filho que o pai queria que ele fosse. Já não era só o pai que ali estava [estou confusa, não estou? Entre ele, o pai, e ele, o filho...talvez seja esse mesmo o objectivo]. Não sei, juro, quem estava mais desesperado. Se pai. Se filho. Tive vontade de ir serenar o pai e dizer-lhe que não fazia mal se errassem. Ambos. Pelo contrário. Que não faria mal se o filho não quisesse estar mais de duas horas sentado a fazer os trabalhos. Pelo contrário. Não devia ter mais de oito anos, acreditem em mim. Às vezes pergunto-me por que razão corremos. Por que razão sentimos que somos o que mede uma nota. Pelos rankings? Pela expectativa (não sonhada, mas antes vivida com medo) do que imaginamos termos de ser? Mesmo com oito anos? Porque nos dizem que sermos inteligentes é trabalharmos muito e muito e muito e termos excelentes notas? [(atenção, exigirmos é bom. Ter boas notas é bom, permitam-me a redundância. Trabalhar é essencial. Mas a exigência que daí decorre, muitas vezes, é capaz de ter efeitos secundários severos, acreditem). Às vezes pergunto-me quem queremos nós, os adultos, ajudar. A eles, aos mais novos? Ou a nós mesmos? Quer dizer, à nossa própria história? Como se a quiséssemos reescrever. Agora, sem erros! (como se fosse possível!). Mesmo que, sem querer, a estejamos a reescrever da mesma forma. Seja pelo que exigimos, em demasia, para que não se volte a repetir. Seja pelo que permitimos, em demasia, para que não se volte a repetir. Querermos mais do que tivemos para eles, os mais novos, será, sempre, sinónimo de progresso. O problema é quando, na ânsia de tanto querermos compensar os erros que fomos sentindo em nós, nos esquecemos de permitir que os mais novos possam, igualmente, construir a sua própria história. Nos esquecemos de nos permitirmos errar. Sem culpas (a culpa? Acho que falarei dela num próximo dia!). E que, assim, fique a história deles, dos mais novos, fundamentalmente contaminada pela nossa. E, quando isso acontece, não há progresso.
As Matryoshkas. E o vírus. E, já agora, o bem comum!
Imaginem que, enquanto sociedade, nos transformávamos em bonecas Matryoshkas. As famosas bonecas russas feitas de madeira e de diferentes configurações. Mas pertencentes a um mesmo conceito identitário da história de um povo. Agora, imaginem que, tal como as bonecas russas, também nós temos inscrito, na nossa pele, desenhos da nossa história política, social e pessoal. Talvez se tornasse mais simples despertarmos para a importância do bem comum. Não queria ser tão pessimista, ou realista, a ponto de afirmar que nos encontramos na "era do vazio", de uma perspectiva filisófica, nesta sociedade individualista ou neoliberal em que o valor individual parece ser o único a ser considerado, mas sinto (desculpem-me), por vezes, que andamos um pouco adormecidos para o bem comum, conceito que permite que recuperemos a continuidade histórica do nosso viver em sociedade jurídico-política. O mesmo é dizer, temos de despertar para um futuro civilizacional. As crises - sempre cíclicas e recorrentes ao longo da história - terão sempre um efeito essencial para este despertar. Se assim tivermos disponíveis para pensar sobre isso. E não nos agarrarmos a minudências que em nada nos acrescentam. Pensemos em todos os momentos fracturantes, em termos políticos e sociais, que desenharam a história das diversas nações. Ao longo dos séculos. Concordarão comigo se concluir que, em todos esses momentos, há um denominador comum: a importância de protegermos o bem comum. Ou seja: a dignidade da vida humana. O mesmo é dizer: a nossa continuidade histórica. Talvez por isso continuemos a não deixar de nos deslocarmos aos campos de concentração de Auschwitz. Como se nos perguntássemos, nesta tentativa de legendar a nossa história, num duplo sentido, "como é que foram capazes?" e "se fosse eu, naquelas circunstâncias, teria sido capaz do mesmo?" (não fiquem zangados comigo, por favor!). Agora, um vírus que se espalha a uma velocidade galopante. E o medo. E a saúde. E as empresas. E o caos. E a ordem social. E as crianças. E o governo. Todos fazemos parte de um todo, como as bonecas russas. E somos absolutamente essenciais na manutenção dessa ordem social. E na defesa das nossas liberdade e direitos fundamentais. Fazemos, todos, parte de um Estado de Direito. Bem sei que a política, como um bem essencial e já teorizado na antiguidade clássica, não vive os melhores dias! Mas era tão importante que recuperássemos este orgulho em sermos pensantes sociais e políticos, porque, no essencial, é o que permite esse mesmo garante na ordem pública. Não me levem a mal por recorrer a este cliché, mas precisamos todos uns dos outros. Imaginem peças de dominó, meticulosamente, organizadas e dispostas umas ao lado das outras. E uma delas cai. Acreditem, vai ter repercussão em todas as outras. Assim somos nós. Todos temos a nossa liberdade individual. Todos nos demarcamos pela nossa singularidade. Somos irrepetíveis e únicos. Mas, todos, acreditem, dependemos uns dos outros. Todos. Temos de despertar para este bem comum. Que somos todos nós. Que sou eu. Que és tu. E tu. E tu. E a sociedade. Que faz parte de algo maior. Que é maior e maior. Platão dizia-nos que o garante da pólis seria um conceito de organização interna baseada na ideia de Justiça que se obtém quando cada cidadão faz o que melhor lhe compete da melhor forma; defendia um governo dos sábios que tudo coloca ao serviço da cidade (claro que a democracia é um conceito que defendo arreigadamente, mais do que a sofocracia que nos falava Platão, mas não posso deixar de simpatizar com a ideia de sermos seres pensantes na política). Aristóteles acrescentava, num outro prisma, que o que mobilizava uma cidade seria a capacidade de tornar os seus membros felizes, pelo modo como se organizaria. Os romanos chamaram a atenção para a importância das normas e regras jurídicas e de respeitarmos um conjunto de leis que regem o bem-estar e garante social. São Tomás de Aquino lembra-nos que o bem comum adquiriria a sua configuração e sentido nas práticas de governação. Independentemente das derivações políticas que daí decorreram, ao longo dos séculos, há algo que defendo, com convicção e entusiasmo: todos precisamos uns dos outros. Somos peças de dominó que passamos a vida a sentir que as nossas liberdades são o preponderante quando, no essencial, as liberdades, minhas, as nossas e as tuas, devem andar lado a lado. Como as bonecas russas. Já Mahatma Gandhi dizia "sê a mudança que queres ver no mundo". E essa mudança começa em cada um de nós. Porque fazemos parte de um todo maior. Do bem comum. Este vírus está a despertar-nos - assim espero - para a necessidade de despertarmos para este conceito de bem comum. Precisamos de todos. Somos essa mudança. Se o governo, enquanto garante (e ele próprio constitutivo e edificado nesse conceito) da liberdade individual, da ordem social e do bem comum, toma medidas para precaver a dignidade da pessoa humana e a da salvaguarda na integridade pessoal, e se temos a ciência a acautelar-nos para tomarmos medidas de segurança, então, por favor, tomemo-las. Para respeitarmos as nossas liberdades. Porque preciso de ti. E tu precisas de mim. Já li, algures, pessoas indignadas com a fome no mundo e com a inércia em a resolver. Em contraponto com o alarido em torno deste vírus. Já li, também, que milhares de pessoas morrem de obesidade e ninguém faz nada. Têm razão. Mas não a têm. Ou melhor, têm. Mas, se calhar, não desta forma. Queremos tornarmo-nos melhores cidadãos? Então, actuemos em função disso. Seja em função de um vírus. Seja da fome no mundo. Da obesidade que nos preocupa. Ou do vizinho a quem perguntamos se tudo está bem. Não com a pretensão de "salvar o mundo". Mas com o desejo sincero, e entusiasmado, de queremos melhorar. De acreditarmos num conceito de sociedade justa e feliz para a qual todos devemos contribuir. De querermos manter a nossa continuidade histórica. De cuidarmos do futuro. A começar por nós. Pela nossa acção individual. Que nunca é só individual. Porque vivemos como as bonecas russas.
O distanciamento social. Por estes dias, um imperativo ético e moral que temos de respeitar. Para o bem comum, claro. Desde então, e para nos protegermos a todos, tenho estado afastada, fisicamente, das pessoas. Algumas das quais me são essenciais. Tenho uma. Essencial. Que me assegura e aconchega. Mas os meus outros, também, essenciais fazem-me mesmo falta. "Mas, tem de ser", não é o que se costuma dizer quando temos de fazer algo que custa um pouco? O distanciamento. O mesmo será dizer, tenho dado menos abraços aos meus outros essenciais. E brincado menos com "ela". A pequenina. Desde abraçar para dizer um "olá" ao abraçar para me despedir com um "até já". Só o fazemos (e ainda bem que a tecnologia é nossa amiga) mediante um telemóvel. Que vai encurtando a saudade. E tenho divagado os meus pensamentos por este tópico que me tem ocupado, por vezes, o pensamento...o abraço... À medida que o distanciamento social progride. Como me têm, igualmente, ocupado o carinho pelos gestos de humanidade que somos capazes de ter e que nos distinguem nos momentos mais delicados. Como este que estamos a passar.
O abraço.
Diz-nos a ciência que o abraço potencia, entre outros circuitos neuronais conhecidos que se estruturam, os níveis de oxitocina, conhecida, vulgarmente, como a "hormona do amor" ou do "abraço". Ainda que não se reduza a isso! A oxitocina, produzida na glândula pituitária, é sintetizada no hipotálamo e é lançada para a circulação através da neuro-hipófise e secretada pelo sistema nervoso central. Funcionando como um neurotransmissor (pode funcionar como hormona ou neurotransmissor) está associada: à promoção das contrações musculares uterinas e ao aleitamento materno; ao vínculo pais-filhos; aos sentimentos de segurança e empatia; aos processos de decisão e pensamento, por exemplo. Claro que estes neurotransmissores farão parte de um todo que não se reduz às suas partes, mas à sua atuação conjunta. Como se de uma orquestra se tratasse. A oxitocina tem um papel essencial no sistema límbico, incluindo a amígdala, e na redução da ansiedade e resposta neuroendócrina ao stresse. A libertação de oxitocina é, por exemplo, estimulada por um conjunto de inúmeras hormonas (noradrenalina, dopamina, serotonina, entre outros), bem como pelo toque, pelo calor, pela estimulação do olfacto, assim como por determinados tipos de sons e luzes. E, ainda, a secreção de ocitocina pode ser desencadeada por mecanismos psicológicos específicos, nomeadamente, pelos traços das relações, das comunicações interpessoais (toque e suporte) e por ambientes afetuosos e friendly.
Na verdade, a oxitocina é produzida, também, quando nos sentimos pertencer a alguém.
Aproxima-nos e torna-nos, ainda, mais apurados para os outros. Esses outros, eles próprios, capazes de reconfigurar, ou aprimorar, as nossas (e as suas) estruturas cerebrais e neuroquímicas. Ou a permitir contar uma história...através da memória que guarda, e se constitui, nas emoções que nos acrescentam.
Não sei como será com vocês, mas (seguramente por ser dextra), quando abraço, abraço com o meu braço direito, secundado pelo meu braço esquerdo (porque as funções do nosso córtex motor assim o permitem), como que "deitando", na pessoa que me dá "colo" (e a quem dou o meu), a minha cabeça para o lado esquerdo. Abraço e sinto a pele de quem me aconchega. E de quem aconchego. O toque.
Todos nós temos, na pele (nas mãos, nos lábios, por exemplo), receptores chamados, em nome do anatomista que os descobriu, de corpúsculos Meissner. Eles, no essencial, permitem-nos perceber a temperatura, a textura, as carícias, o toque, etc. Assim que esses receptores se confrontam com esse sinal que a nossa pele codifica, enviam essa mesma mensagem ao córtex cerebral que vai descodificar e interpretar essa mensagem. Os corpúsculos de Meissner encontram-se distribuídos pela pele, concentrando-se em áreas particularmente sensíveis ao toque, como sejam as pontas dos dedos, palmas das mãos, nos lábios, na língua, na face, por exemplo, e localizam-se imediatamente sob a epiderme. Poderão perguntar-se, neste momento, por que razão estarei a ser tão pormenorizada no que escrevo. Até porque não costumo ser assim tão detalhista.
Porque tenho saudades de abraçar os meus. Porque um gesto tão simples tem configurações cerebrais e neuroquímicas tão extraordinariamente complexas. [Que não as especifiquei porque, caso contrário, escreveria mais do que seria suposto. Sendo que, por natureza, escrevo textos mais compridos do que, supostamente - dizem-me - seria natural neste universo digital em que, de tão inundado de estímulos, parece sobrecarregar a nossa atenção. O nosso foco. E distrair-nos. Mas eu recuso-me a considerar que nós, os nativos digitais e tecnológicos, não consigamos ler mais do que cinco minutos. Ainda que saiba que, por vezes, poderá ser assim que acontece. Mas por que razão não poderemos ter, em diferentes circunstâncias, a velocidade da informação e a lentidão, no bom sentido, de a pensarmos e reflectirmos, [seja pelas estruturas subcorticais seja pelas estruturas pré-frontais e corticais]?. E, por fim, porque gosto, mesmo, de pensar de onde vimos. E do que somos feitos.
E porque temos um corpo extraordinário que nos convida a pensar (às vezes não o escutamos, eu incluída!) - quando nos permitirmos o tempo para o pensamento lento, como nos recorda Lamberto Maffei, ou para a mente divagante que nos fala Daniel Goleman - no que é tão básico, no dia a dia, mas que é tão fundamental, na nossa vida. O teu abraço.
O incerto! Parece-me difícil viver, permanentemente, no incerto. Na incerteza. Bem, vamos por partes. Há incertezas e incertezas (Será?). Vamos tentar categorizá-las. Se conseguirmos.
1. Há a "incerteza expectante". Organizamos uma festa e temos a esperança que a mesma seja tão especial quanto o nosso desejo. Há uma incerteza de que algo possa não correr tão bem. Mas o desejo que seja verdadeiramente especial. E, entre uma e outra, agarramo-nos, em pensamento, sempre à segunda opção. Quando ficamos pela primeira, o mais provável é...correr mal.
2. Há a incerteza do "será que vai correr bem?". Seja quando fazemos um teste na escola, quando vamos a uma entrevista de emprego ou quando escrevemos o nosso primeiro texto e o partilhamos com alguém! É uma incerteza onde moram todos os nossos desejos de querermos ter orgulho no nosso desempenho e, ao mesmo tempo, os receios de errarmos e falharmos. Como se ainda fosse possível acreditar que o sucesso se faz sem falhas e erros! E não faz, de todo. Pelo contrário.
3. Há as incertezas "do felizes para sempre?". Quando nos perguntamos se o nosso amor por ele(a) será para sempre. Será legítimo perguntarmo-nos isso? Será que quando o questionamos, já estamos a ter algum tipo de incertezas? E será isso mal? Não sei. Há um misto de "quero muito", "mas tenho medo de". Como se, naquele instante, quiséssemos eternizar aquele amor. Mas tivéssemos medo de um fim. Não será o "felizes para sempre" termos, enquanto tivermos, a pessoa que amamos ao nosso lado. Naquela "relação-casa" que nos permite ter incertezas aconchegadas por um "fica comigo para sempre"?
4. Há as incertezas que "apertam o coração". Aqui, começa a magoar-nos mais um pouco. Quando recebemos a notícia que alguém que amamos, ou nós mesmos, tem uma doença. Quando não sabemos se a vida terá um dia, dois meses, três anos, ou a eternidade. E, aqui, começamos a dizer, como que para aliviar, temporariamente, a nossa dor, "é viver um dia de cada vez". Mas, no fundo, o que nós queríamos dizer, era que queríamos que "fosse para sempre"!
5. Há, ainda, as incertezas "da humanidade". E, estas, não há como, atingem-nos a todos (acho que as anteriores também, não será assim? Somos feitos, todos, do mesmo tecido?). Sinto, não sei se concordam comigo, que a maior incerteza, para todos nós, é a incerteza do que virá amanhã. Morrem pessoas, hoje. O número de infectados aumenta de uma forma galopante. Os governos tentam apaziguar as suas nações (por mais erros que, entretanto, possam ter sido cometidos nestes tempos incertos e que, julgávamos nós, teríamos algum controlo). As pequenas e médias empresas (e também as empresas numa escala mais macroscópica) deparam-se com a incerteza do "será que vamos subsistir"?. O governo diz que ajuda. "Mas será que vamos subsistir?". Como será o mundo, amanhã? O teletrabalho está a adiantar-se. Iria adiantar-se, de qualquer forma. O vírus deu-lhe um "impulso"!!! O desemprego poderá aumentar? Será? Quais as consequências, para a saúde colectiva, que irão perdurar nas pessoas que tiverem contraído a doença? Poder-me-ão dizer que não haverá consequências nenhumas. Será? E as pessoas? Que tipo de sociedade virá a seguir? Quando poderá terminar toda esta "desgraça colectiva"? Estima-se. Imagina-se. Fazem-se cálculos matemáticos para antecipar o futuro. Fala-se em curvas sigmóides e pontos de inflexão. Em lockout como a única solução. As cidades estão silenciosas. Quando voltarão a ter barulho? O digital é o presente. E o futuro. De que forma? E a economia?...como se irá reinventar para poder dar resposta aos desafios que vai encontrar. Adiam-se casamentos e festivais. A cultura está "suspensa". Mas a reinventar-se nos insta stories. Multiplicam-se os live streaming. Os ecrãs aproximam-nos dos outros. Os artistas chegam-nos a casa através das plataformas digitais. A cultura distrai-nos das incertezas. Esperam-se meses complexos. À democracia espera-se que cuide dos seus. Dos que a defendem. Terá de ser criativa, claro. O que iremos encontrar amanhã? Não sabemos. Estimamos. Prevemos. Mas não sabemos.
Há incertezas e incertezas. Será? Se calhar, não. Ou melhor...umas poderão ser mais dolorosas do que outras, mas a incerteza encerra sempre duas possibilidades: o medo, por um lado (será que?, "o que pode acontecer se?", "e se..." etc.), e o desejo que o amanhã possa ser melhor do que o hoje. Há um livro que, para mim, foi muito importante e que vou partilhar com vocês: O Homem em busca de um sentido", de Viktor E. Frankl, escrito em 1946. Conta-nos este médico psiquiatra a sua própria história em que teve de lutar pela sua sobrevivência nos campos de concentração (em Auschwitz). É um livro comovente. Um elogio ao pensamento e ao modo como nos pode salvar das incertezas. Do vazio. Nos momentos de profundo sofrimento, Viktor E. Frankl colocava-se no "colo" da sua mulher, também ela presa (estava grávida!), num outro campo de concentração e pensava nela. Conversava, em pensamento, com o seu amor. Era a sua estratégia para não morrer diante de um sofrimento avassalador. As memórias do que o uniu a ela e o desejo, incerto, de poder voltar a vê-la mantiveram-no vivo durante todos esses anos de sofrimento. Libertado dos campos e terminada a guerra, soube...a mulher estava morta, tal como o irmão e os pais. O que o salvou dos campos e da morte foi o desejo de poder ir para junto da sua mulher. Não sabia se a iria encontrar viva. Mas sonhava e falava com ela, em pensamento, e acreditava que poderia acontecer. Esse encontro. Não aconteceu. Será que não? Foi a memória do que com ela viveu e o desejo de a reencontrar que o salvou. Portanto, algures nesse entretanto, entre o sonho e a realidade, esse encontro aconteceu. O sonho de que o amanhã seria melhor do que o agora. Foi o seu pensamento que o salvou. Não somos tão sofisticados?
Não sabemos como vai ser o amanhã quando tudo isto passar. Mas eu quero acreditar que será melhor. Diferente, mas melhor. As incertezas, sejam elas quais forem, colocam-nos perante o futuro. Como irá ser? Não tendo resposta, quero acreditar que, por mais desafiante e turbulento que possa ser o nosso presente, o nosso pensamento vai-nos permitir sobreviver. Num futuro que, quero crer, será melhor. Conseguiríamos sobreviver, por tempo indeterminado, na incerteza? Não, de todo. Mas -se entre o desalento, o cansaço, a irritação e desesperança e, novamente, o alento, o desalento, o cansaço, o "vai correr tudo bem, o "será que vai", etc., que iremos atravessar - abraçarmos a ideia de um amanhã melhor, iremos todos conseguir sobreviver às incertezas. Porque, no fundo, por mais dolorosas que sejam, as incertezas obrigam-nos, quando andamos distraídos, a perspectivar um sentido para o que fazemos. A busca de um sentido é, na minha opinião, aquilo que nos permite sobreviver ao incerto. E nos aninha num futuro melhor. Diferente, mas seguramente melhor.
Está dentro dos valores médios. Que alívio, pensaremos nós! Diante de um exame médico. Já não será com tanta satisfação que legendamos o “estar na média” quando participamos nalguma competição desportiva. Ou, porventura, quando nos candidatamos a um emprego. Aí, queremos destacar-nos. Estar…acima da média. Já no que respeita às relações, imagino que não queremos “estar na média”. Mas sermos absolutamente especiais para alguém. E esse alguém acima da média para nós. Concordam?
Bem, e a “ditadura” ao crescer-se? Não raras vezes, imagino os pais num burburinho ansioso (que chega a doer) de cada vez que, em silêncio, observam os seus filhos percebendo se “estão na média”, quando o levam à escola, por exemplo. Média no andar, no falar, no tagarelar, no sono, na alimentação, no desfralde, no brincar, e, e, e, e…. E, sendo, seguramente, essas comparações, vividas no coração silencioso dos pais, naturalmente, expetáveis e, talvez, até saudáveis, já não o serão, assim tão fáceis de legendar quando esse mesmo filho começa a andar mais tarde do que o amigo da escola; quando o filho ainda está um pouco aquém do esperado na aquisição da linguagem e a sua amiga já tagarela tanto e tanto; quando o filho ainda não brinca com os brinquedos que, supostamente, apelam ao raciocínio lógico e hipotético-dedutivo e todos os jargões mais técnicos que poderemos usar… se, na sala dele, os restantes colegas já são tão hábeis nessas “competências”; quando o filho ainda não aprendeu todas as letras e os restantes colegas já sabem a totalidade do abecedário; quando o filho chora mais frequentemente do que os restantes deixando os seus pais um pouco (muito) embaraçados, em público (a ponto de, nalgumas circunstâncias, evitarem, futuramente, programas sociais outdoor); quando o filho refila mais do que os demais, na escola, se os restantes o não fazem naquelas proporções…A “ditadura” da média começa bem cedo. Já repararam? Com início na gestação (ou será, antes, no nosso pensamento?) prolonga-se pelos portões dos infantários, nas festas de aniversário, nalgumas reuniões de pais, por exemplo (não fiquem zangados comigo: não estou a dizer que acontecem sempre, mas acontecem, por vezes, algumas vezes). Nesses momentos, essas mesmas comparações (reais ou imaginadas) são vividas em silêncio, pelos pais. Porque se questionam: será que estamos a fazer bem? Ouviram, de alguém (sem que a intenção original fosse o de magoar, ainda que magoe): “o teu filho ainda não anda? O meu começou logo a andar ainda nem falava!!!” E os exemplos multiplicam-se. E, nesse dia, aquele pai/mãe, inevitavelmente, passará a ficar mais alerta para o nível da marcha do seu filho. E ficam mais ansiosos. E a criança percebe. E, nesse dia, tropeça mais do que o habitual. E o alarme dispara: “se calhar têm razão…o meu filho pode estar com problemas a aprender a andar”. Agora, imagem estas interrogações, silenciosas, e o modo como a “ditadura” da média poderá estar presente no nosso dia-a-dia. Tantas e tantas vezes. E como poderá afetar o próprio ritmo de desenvolvimento e o processo de crescimento. Atenção! Devem estar a perguntar-se: mas “estar na média”, em termos de conquistas desenvolvimentais, será bom, certo? Claro que sim. Significa que estamos no bom caminho! A média serve para isso mesmo. Portanto, tem o valor de referência. Logo, será importante estarmos atentos às médias expetáveis de aquisição desenvolvimental de um bebé. De uma criança. E assim sucessivamente. Mas, extrapolar, constantemente, e com o rigor inerente à intolerância de uma ditadura, esses mesmos intervalos médios para o desenvolvimento de um bebé/criança será, seguramente, arriscado. Porque o crescimento nunca se faz numa linha reta e sem “desarrumação”. Porque um bebé, de tanto crescer, por exemplo, ao nível da marcha (com todas as configurações incríveis que se arquitetam em termos neuronais) poderá estar, por instantes, um pouco aquém ao nível da linguagem. E vice-versa. Não que esteja. Mas poderá parecer que está. Os bebés/crianças têm um ritmo próprio de crescimento. Que deverá ser respeitado. Já repararam como, por vezes, somos tão ansiosos que eles cresçam tão rápido? Será isso ou, no limite, a ânsia, enquanto pais, da certeza de estarmos a fazer tudo bem? Não sei.. Mas sei que todos passamos, numa ou noutra circunstância, num ou noutro momento, pela “ditadura” da média. O “somos humanos” pode caber aqui, como justificação, não pode? O importante é irmos desconstruindo essa mesma linguagem tirana quando a ouvimos. Vezes e vezes demais. Atenção: é importante termos balizas. Estarmos atentos. E, se sentirmos que algo nos inquieta, enquanto pais, junto de um filho, será essencial procurarmos apoio especializado que nos ajude a perceber algumas potenciais assimetrias no crescimento e que merecem um trabalho clínico minucioso. Mas, permitirmos que a “ditadura” da média se instale, com todas as consequências que daí poderão advir, poderá ser perigoso. Para eles, os mais pequenos. E para os pais. Há uma premissa que, para mim, faz cada vez mais sentido no trabalho com pais e crianças. Os pais têm uma “sabedoria” e intuição muito própria sobre o seu filho. Que deve ser escutada. Já tive situações em que partilharam: “Eu fui dizendo, mas não me ouviram…pensaram que estava a exagerar…”; “eu falei que não achava normal, mas diziam-me para esperar que o tempo ajudava”. Não se deve, nunca, desvalorizar a intuição de mãe/pai. Temos de a escutar e legendar, sobretudo. E é por isso que será tão injusto que vivam sob a tirania da média, com o receio que o seu filho possa ficar aquém de um mundo que cresce a diferentes velocidades do dele. Porque crescer-se nunca se fará como se tratasse de um quociente da divisão de uma soma pelo número de parcelas. É mais extraordinário do que isso. Faz-se por avanços e recuos. Necessários a quem cresce. Faz-se de pulos. De desalinhos. De reestruturações. De ritmos. Médios, também. Mas que não se reduzem a essa média. Podem acontecer antes da média. Ou após. Se a sua intuição de mãe, de pai, lhe diz que algo não estará bem, não hesite. Procure ajuda especializada. Se a sua intuição de mãe, de pai, lhe diz que está sob a “ditadura” da média, observe, escute e respeite o ritmo do seu filho. Partilhe os seus receios com quem os escuta para que possam ter traduções. Acredite que, de um dia para o outro, ele dará esse pulo no crescimento. Ou um recuo. Para, depois, voar. No ritmo de cada um!
Conheci um menino. Olhar bonito. 7 anos. Converso com ele. A dado momento, pergunta-me:
- Tu queres mesmo saber?
-Queria, se concordares, respondi-lhe.
- Acho que não vais gostar de saber.
- A sério? Porquê?
- Ele tem as mãos com marcas. Ele trabalha muito e vem com as mãos magoadas…
(…).
Vou correr o risco de me sentirem moralista com o que vou escrever. Posso correr esse, e mais, riscos, claro! Mas não faz mal. Não nos julgamos todos, direta ou indiretamente, uns aos outros? Com as nossas supostas verdades sobre tudo e sobre nada? “Esta é a minha verdade”, dizemos tantas vezes. Como se houvesse verdades. E não, apenas, perspetivas. O nós e os outros. Os outros e o nós. Os outros e…. Bem, já estou a divagar para além do que me trouxe aqui...
Voltando ao menino de olhar bonito…o desconforto com que falava da profissão do pai.. num misto de orgulho e embaraço por o seu pai, contrariamente a outros pais, aparecer em casa com as “mãos magoadas” de trabalhar num ofício…duro. Estamos a falar de um menino de 7 anos, com uma enorme sensibilidade, mas já um pouco “refém” de conceitos sociais estratificados com que vai crescendo ao observar…os outros. Quantos “outros” precisou ele para formar a ideia de que há profissões de primeira e segunda classe? Quantos “outros” precisou ele para imaginar que há profissões mais dignas do que outras? Quantos “outros” precisou ele (não se esqueçam...estamos a falar de um corpo de 7 anos) para crescer com a ideia de que as mãos magoadas do seu pai serão um sinal de que o seu pai exerce um ofício que não tem tanto valor e criatividade como o desempenhado pelos pais dos “outros” com quem ele convive? E nós? E nós? De quantos “outros” precisámos para considerarmos, por vezes, que há pessoas de primeira e segunda classe? De quantos “outros” precisámos para equacionarmos que uma pessoa que desempenha determinadas atividades (socialmente mais reconhecidas, claro – e o social é uma entidade construída por nós, não se esqueçam!) é mais elevada e merece uma maior distinção do que outra? Juro que este assunto me incomoda. Juro que me incomoda que este assunto seja, sequer, um assunto. Juro que me incomoda que não nos tenhamos reconhecimento nas diversas profissões que desempenhamos. Incomoda-me que o facto de uns terem prosseguido com os seus estudos mereça uma maior reverência por parte dos outros. Vocês conhecem todas as histórias de quem vos rodeia? Vocês sabem o percurso de vida daquela pessoa que, porventura, considerem menor pelo ofício que desempenha? Vocês já pensaram que a pessoa que vos está a atender pode precisar daquele emprego, que consideram “menor”, para poder “pagar as contas” ao final do mês? Mesmo que tenha estudado tanto e tanto para poder seguir o seu sonho…e, ainda, não tenha encontrado essa oportunidade? E não. Qualquer ofício não ganha mais relevância se essa mesma pessoa passar a ganhar mais dinheiro. O respeito pelo outro não é sinónimo do que ele ganha. Não pode ser. Nem sinónimo do carro que “veste”. Não deveria ser. Idealmente, todos nós ganharíamos bem. Idealmente, todos nós estaríamos bem. Não que esse ganhar tenha, necessariamente, de ser uniforme para e por todos nós. Mas, idealmente, ganharíamos melhor do que acontece, hoje, nalgumas profissões. Ainda assim, o respeito que o outro nos merece não se compadece com o seu extrato bancário. Não deveria acontecer dessa forma. Não sei…vou correr o risco de ser moralista. Mas não faz mal. Porque, juro-vos, o respeito que tu, e tu, e tu, me merecem nunca se balizará pelo que vocês vestem. Pelo que vocês exercem no vosso trabalho. Nunca. Disse ao menino que, se o pai dele não trabalhasse, eu viveria ao frio. O olhar dele agigantou-se de orgulho. Aquele orgulho que deveríamos ter quando desempenhamos o nosso trabalho com o respeito e brio que nos merece. E com criatividade. Criatividade? Pois... há tanto para falar sobre isto! Talvez num próximo texto!
Não.
Por vezes, crescemos com a ideia que a criatividade será, assim, uma espécie de querubim acessível, apenas, a alguns. Ou, pelo contrário, olhamos com desconfiança para “os criativos” porque achamos que serão, assim, vá, um pouco «alternativos» e estranhos…porque pouco convencionais. Por vezes, ainda, crescemos com a ideia que ser criativo será ter, só, muitas…ideias. Que ser criativo será não falhar. Ter ideias e não errar. Que ser criativo é fácil porque não dará trabalho. Que ser criativo é ficar à espera do momento de inspiração!!! Já pensaram na quantidade de projetos/ideias que fomos tendo, ao longo da nossa vida, que nunca chegaram a ser projetos/ideias? Porque temos medo. Porque nos comparamos. Porque esperamos validação. Porque passamos a achar que o espanto que, em criança, tínhamos, por cada detalhe é um capricho e que a vida tem de ser vivida com realismo porque isto de se ser criativo não paga contas!!! Porque, tantas e tantas vezes, o risco de se criar e recriar é visto, ainda, como um perigo. Quando, na verdade, arriscar deveria ser essencial à vida. A criatividade não se vê, apenas, no desenho. Na dança. No teatro. Na literatura. Nos museus. Etc. Não está restrita, apenas, a cursos de artes. A criatividade é-nos natural quando não queremos ver o mundo como achamos que os outros nos dizem para ver. Ser criativo é ser livre. É ter/criar desafios. É confiança e abertura ao mundo. É tempo. Tempo para a inovação. Tempo amadurecermos ideias. Tempo para as debatermos com alguém. Tempo para criar novas ideias. Criatividade não é encontrar somente a solução de um problema. É, sobretudo, tempo para a descoberta dos problemas. Criatividade não implica criar um mundo novo. É arriscar ver o mundo como imaginamos que poderia ser. Seja em que área for. Quantas ideias já tiveste, e desististe, por medo? Quantas ideias já tiveste, e desististe, porque achas que tens de viver de acordo com os parâmetros que os outros definiram para ti? E que - acreditas - serem os únicos que te darão segurança? Quantas ideias já tiveste.. e acabaste por desistir? Estamos numa pandemia. E com medo. Estaremos, neste momento, na fila que aguarda que o semáforo passe para verde. Ou deveríamos estar a aproveitar enquanto, ainda, nos encontramos no semáforo vermelho para pensarmos…distraidamente. Para aguardar. Para ter tempo. Para, neste intervalo que é a vida, podermos descobrir problemas. Colocar outros tantos. Termos medo. Hesitarmos. Questionarmos. Redescobrirmos. Inovarmos. E, nunca, mas nunca, cedermos a um conformismo cómodo que incomoda. Sermos criativos é sentirmos. É emocionarmo-nos. É arriscarmos. E descobrir o prazer de cada vez que nos permitimos espantar com uma ideia. Mesmo em tempo de pandemia. Mesmo em tempo de tantos e tantos medos. Quantas ideias já tiveste, e desististe, por medo? Quantas ideias já tiveste, e desististe, porque te disseram que “não valia a pena”?
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